En este trabajo, a través de la literatura y las acciones militantes, nos referiremos a subjetividades estigmatizadas a través de un número; situadas en un ambiente sociohistórico marcadamente homofóbico y, en términos generales, de opresión social. Ese número representa un insulto explícito, una agresión verbal discriminatoria que al mismo tiempo es resignificado por gestos culturales y militantes que de alguna manera suturan heridas del lenguaje autoritario de antaño. Ese número es 108 y el contexto sociohistórico que interrogaremos es un país muy poco conocido en el entramado cultural del Cono Sur: Paraguay, encabalgado entre un pasado autoritario y un presente de enormes fragilidades democráticas. Nuestro texto pretende desentrañar las articulaciones de la sexualidad en tanto operador epistemológico que permite entender las dimensiones políticas y subjetivas de un orden autoritario: la dictadura paraguaya, conocida como Stronato (1954-1989). Más precisamente: busca articular un dispositivo que tiene dos dimensiones. Una literaria-cultural, encarnada en la pieza de teatro 108 y un quemado (2002/2010) del dramaturgo Agustín Núñez, que reflexiona sobre la primera razzia a la población homosexual asuncena implementada por la dictadura paraguaya en 1959. Y la otra, militante: el Besatón, un evento promovido anualmente por una organización sexo-genérica de base comunitaria y solidaria, que lucha por los derechos dela comunidad LGTBIQA: SomosGay. El nexo entre estas dos dimensiones es el uso del espacio público entre la negación y la afirmación de derechos.
In this work, through literature and activist actions, we will refer to stigmatized subjectivities through a number, situated in a markedly homophobic sociohistorical environment and, generally speaking, one of social oppression. This number represents an explicit insult, a discriminatory verbal aggression that is simultaneously redefined by cultural and activist gestures that somehow heal the wounds of the authoritarian language of the past. That number is 108, and the sociohistorical context we will examine is a little-known country in the cultural fabric of the Southern Cone: Paraguay, straddling an authoritarian past and a present of enormous democratic weaknesses. Our text aims to unravel the articulations of sexuality as an epistemological operator that allows us to understand the political and subjective dimensions of an authoritarian order: the Paraguayan dictatorship known as Stronato (1954–1989). More precisely, it seeks to articulate a device that has two dimensions. One is literary and cultural, embodied in the play 108 and a Burned (2002/2010) by playwright Agustín Núñez, which reflects on the first raid on the homosexual population of Asunción carried out by the Paraguayan dictatorship in 1959. And the other is militant: the Kiss-a-Thon, an event promoted annually by a community-based and solidarity-based sex-gender organization that fights for the rights of the LGTBIQA community: SomosGay. The nexus between these two dimensions is the use of public space between the denial and the affirmation of rights.
Neste trabalho, por meio da literatura e de ações ativistas, nos referiremos a subjetividades estigmatizadas por meio de um número, situado em um ambiente sociohistórico marcadamente homofóbico e, em linhas gerais, de opressão social. Esse número representa um insulto explícito, uma agressão verbal discriminatória que é simultaneamente redefinida por gestos culturais e ativistas que, de alguma forma, curam as feridas da linguagem autoritária do passado. Esse número é 108, e o contexto sociohistórico que examinaremos é um país pouco conhecido no tecido cultural do Cone Sul: o Paraguai, que se encontra entre um passado autoritário e um presente de enormes fragilidades democráticas. Nosso texto pretende desvendar as articulações da sexualidade como operador epistemológico que nos permite compreender as dimensões políticas e subjetivas de uma ordem autoritária: a ditadura paraguaia conhecida como Stronato (1954-1989). Mais precisamente, busca articular um dispositivo que possui duas dimensões. Uma é literária e cultural, materializada na peça 108 e um Queimado (2002/2010), do dramaturgo Agustín Núñez, que reflete sobre o primeiro ataque à população homossexual de Assunção realizado pela ditadura paraguaia em 1959. E a outra é militante: a Maratona do Beijo, evento promovido anualmente por uma organização de base comunitária e solidária de gênero que luta pelos direitos da comunidade LGTBIQA: SomosGay. O nexo entre essas duas dimensões é o uso do espaço público entre a negação e a afirmação de direitos.
