Hace algunos años, Analía Gerbaudo acuñó la categoría aula de lengua y literatura para hacer referencia no solo al diseño didáctico de una clase, sino también al "conjunto de decisiones previas que se ponen en juego en cada una de esas actuaciones a lo largo de un período lectivo". Entre los elementos determinados por esas decisiones se encuentran la selección de contenidos, de materiales, los corpus (en plural, dado que se trabajará con diferentes grupos de textos atados por distintas hipótesis según los contenidos a enseñar durante el ciclo), los envíos (es decir, interpelaciones que conducen a textos que no se enseñarán ni se incluirán en la evaluación pero que se incorporan en las relaciones que establece el docente en sus planteos), el diseño de evaluaciones, la configuración didáctica (Litwin) de las clases (2011: 19-20, cursivas de la autora). La suspensión del dictado de clases presenciales a partir del 16 de marzo de 2020, como consecuencia de la llegada de la pandemia de COVID-19 a nuestro país, invita a retomar esta categoría para tratar de pensar las condiciones específicas que demanda la fabricación de aulas virtuales de emergencia de lengua y literatura. Porque el apremio con que, de manera imprevista, lxs docentes debieron reorganizar contenidos, materiales, corpus, envíos y evaluaciones afectó tanto la habitual autonomía relativa de las decisiones como la temporalidad propia de la reflexión que suele conducir a la organización de un aula de lengua y literatura para un ciclo lectivo. El extraordinario escenario generado a partir de "los dos encargos encomendados por las políticas públicas": no perder el año y mantener la continuidad pedagógica (Zelmanovich, 2020), condujo a un despliegue inédito (por su velocidad, simultaneidad y alcance territorial) de recursos desarrollados por lxs docentes para intentar sostener un vínculo -más o menos frágil, según los contextos- con sus alumnxs. Esta situación dispara numerosos interrogantes y de muy diversa índole. Aquí seleccionamos especialmente dos: ¿Qué cosas hicieron lxs docentes para tratar de sostener ese vínculo con lxs alumnxs? ¿Cómo impactaron tales acciones en la selección de contenidos en un contexto que eliminó el pizarrón y las fotocopias, tradicionales vehículos, respectivamente, de experimentación conjunta sobre la lengua y de circulación de literatura en la escuela? En el intento de responder estas preguntas, recurrimos a las voces de docentes que con generosidad nos permitieron conocer diferentes aspectos de sus aulas virtuales de emergencia.
Some years ago, Analía Gerbaudo coined the term "language and literature classroom" to refer not only to the didactic design of a class, but also to "the set of prior decisions that come into play in each of these actions throughout a school year." Among the elements determined by these decisions are the selection of content, materials, corpora (plural, given that different groups of texts will be worked with, linked by different hypotheses depending on the content to be taught during the year), submissions (that is, interpellations that lead to texts that will not be taught or included in the assessment but that are incorporated into the relationships established by the teacher in their approaches), assessment design, and the didactic configuration (Litwin) of classes (2011: 19-20, author's italics). The suspension of in-person classes starting March 16, 2020, as a result of the arrival of the COVID-19 pandemic in our country, invites us to revisit this category in an attempt to consider the specific conditions required for the creation of emergency virtual language and literature classrooms. The urgency with which teachers unexpectedly had to reorganize content, materials, corpora, submissions, and assessments affected both the usual relative autonomy of decision-making and the temporality of the reflection that usually leads to the organization of a language and literature classroom for a school year. The extraordinary scenario generated by "the two mandates entrusted by public policies": not to lose the year and to maintain pedagogical continuity (Zelmanovich, 2020), led to an unprecedented deployment (due to its speed, simultaneity, and territorial scope) of resources developed by teachers to try to sustain a bond—more or less fragile, depending on the context—with their students. This situation raises numerous and diverse questions. Here, we select two in particular: What did teachers do to try to maintain this connection with their students? How did such actions impact the selection of content in a context that eliminated the blackboard and photocopies, traditional vehicles, respectively, for joint language experimentation and the circulation of literature in schools? In an attempt to answer these questions, we turned to the voices of teachers who generously allowed us to learn about different aspects of their emergency virtual classrooms.
Há alguns anos, Analía Gerbaudo cunhou o termo "sala de aula de língua e literatura" para se referir não apenas ao desenho didático de uma aula, mas também ao "conjunto de decisões prévias que entram em jogo em cada uma dessas ações ao longo de um ano letivo". Entre os elementos determinados por essas decisões estão a seleção de conteúdos, materiais, corpora (plural, dado que serão trabalhados diferentes grupos de textos, vinculados por diferentes hipóteses dependendo do conteúdo a ser ensinado durante o ano), submissões (ou seja, interpelações que levam a textos que não serão ensinados nem incluídos na avaliação, mas que são incorporados às relações estabelecidas pelo professor em suas abordagens), desenho da avaliação e a configuração didática (Litwin) das aulas (2011: 19-20, grifo do autor). A suspensão das aulas presenciais a partir de 16 de março de 2020, em decorrência da chegada da pandemia da COVID-19 ao nosso país, convida-nos a revisitar esta categoria na tentativa de considerar as condições específicas necessárias para a criação de salas de aula virtuais emergenciais de línguas e literatura. A urgência com que os professores, inesperadamente, tiveram de reorganizar conteúdos, materiais, corpora, entregas e avaliações afetou tanto a habitual autonomia relativa de decisão quanto a temporalidade da reflexão que costuma conduzir à organização de uma sala de aula de línguas e literatura para um ano letivo. O cenário extraordinário gerado pelos "dois mandatos confiados pelas políticas públicas": não perder o ano e manter a continuidade pedagógica (Zelmanovich, 2020), levou a uma mobilização sem precedentes (por sua rapidez, simultaneidade e abrangência territorial) de recursos desenvolvidos pelos professores para tentar sustentar um vínculo — mais ou menos frágil, dependendo do contexto — com seus alunos. Essa situação levanta inúmeras e diversas questões. Aqui, selecionamos duas em particular: O que os professores fizeram para tentar manter essa conexão com seus alunos? Como tais ações impactaram a seleção de conteúdo em um contexto que eliminou o quadro-negro e as fotocópias, veículos tradicionais, respectivamente, para a experimentação conjunta da linguagem e a circulação da literatura nas escolas? Na tentativa de responder a essas perguntas, recorremos às vozes de professores que generosamente nos permitiram conhecer diferentes aspectos de suas salas de aula virtuais emergenciais.
